De: Jéssica e Suelen Farias
do Nascimento
Muitas vezes não nos damos
conta do quanto amamos alguém, até estarmos em uma situação em que podemos
perdê-la a qualquer momento...
***
Meu querido vô é uma pessoa
relativamente jovem, atlético e super de bem com a vida.
Desde que me entendo por
gente, é muito, mas muito difícil não vê-lo diariamente, acho que o máximo que
ficamos sem sua presença, foi um mês, ano passado (2012), quando foi em uma
viagem à Londres para visitar nosso tio, tia e o pequeno Ben.
Não há palavras para
descrevê-lo; afinal, amor não se define, se sente.
Nosso querido vô João é um
homem pra cima, muito trabalhador – tem em suas belíssimas mãos as marcas do
trabalho.
É da geração pós guerra.
Ainda pequeno, perdeu seu pai com apenas 02 anos de idade, e devido a difícil
situação da época para uma mulher, sua mãe pediu para um dos irmãos dele, este
já casado, que o levasse até ela ter condições de busca-lo.
Sua mãe era muito carinhosa
e determinada – como meu vô sempre diz, “serena e tranquila”, por não ser
casada no papel, registrou todos os seus 08 filhos com o sobrenome de solteira
“Farias”.
Os anos se passaram; ele foi
crescendo e amadurecendo – histórias, muitas delas impactantes, não faltam. Seu
primeiro trabalho deu-se aos 14 anos e até ano passado (mesmo aposentado) não
tinha parado ainda...
Com 20 anos casou-se com a
minha vô; tiveram cinco filhos, quatro mulheres e um homem, destes possui oito
netos: seis meninas e dois meninos.
Sempre companheiro e amigo
de todas as horas..., o cafezinho do vô com leite em uma xícara grande para
disfarçar – como ele diz “a quantidade” é sagrada. E olha que ele faz um
percurso grande passando por todas as casas... só não é “cheinho” pq trabalha
tanto quanto se alimenta, ou seja, muitoooooooo!!! hehe
Depois de uma breve, mais
breve introdução, na penúltima quinta-feira, de ago/2013, dia 22, o vô depois
de passar na casa da minha tia (que mora pertinho), e da nossa, foi para casa
depois das 18h, chegando lá resolveu forrar a construção que está fazendo atrás
de sua residência. Minha vó pediu-lhe para que deixasse para outro dia e fosse
tomar banho. Nesse meio tempo ela foi buscar sabão em pó para lavar o restinho
da roupa que tinha; em frações de minutos - tempo de ela chegar dentro de casa... ouviu um “estrondo”, ao chegar às
pressas no local, viu o vô João estirado ao chão... muito sangue, ele
agonizando.
Meu avô havia caído do
andaime que estava há uma altura de quase quatro metros com a cabeça no
contrapiso (sem se defender)... Ele não reagia...
No desespero, minha vó saiu
pela rua pedindo ajuda; o socorro veio rápido, em minutos o Samu chegou. Dentro
da ambulância meu avô, uma tia e a equipe de socorristas.
Assim, naquele inicio da noite daquela
quinta-feira, o valente João, inacreditavelmente estava sendo levado ao
hospital em estado extremamente gravíssimo.
Diagnóstico confirmado pelo
médico ressaltando a probabilidade de morte.
Estávamos todos lá... orando
e pedindo ajuda. Podem ter certeza que promessas por um milagre não faltaram.
Invocamos a intercessão de
Nossa Senhora, porque só ela poderia intervir naquela situação junto a Deus.
Conversei com ela, rezei com
uma fé e com tanta força pelo milagre;... não tinha o que fazer, coloquei o vô
nas mãos de Nossa Senhora, e fiz uma promessa: “Que o vô ficando vivo iria
testemunhar o milagre, e aqui estou fazendo”.
As orações feitas durante
aquela interminável noite, foram à poderosa “Maria passa na frente” e “Maria
Desatadora dos Nós” juntamente com o precioso rosário.
Às três horas da manhã, o
médico pediu para um dos familiares conversar com ele; foi um sobrinho. Na
volta disse-nos que o estado do vô era tido como gravíssimo, porém estável e
que tendo vaga na UTI, ele seria transferido para aquele local...
Às 06h30 ele foi
transferido; minha vó que é hipertensa estava imóvel... minha mãe ainda não
tinha parado de chorar... (é que o vô é nossa referência, nosso amigo, super
herói, conselheiro, nosso porto seguro... ).
***
Todos estávamos realmente
abalados...
Na sexta-feira, começaram as
visitas ao quarto com duração de 30 minutos. Como estávamos em grande
quantidade de pessoas (filhas, genros, netos, irmãos, sobrinhos); neste dia minhas outras três tias conseguiram entrar, juntamente
com a vó.
Nós, lá de casa, fomos
diretamente para a capela. Uma mulher que estava rezando o rosário, foi perto
da minha irmã e disse que não era para ela chorar, pois a mãe dela que tem 82
anos fez uma cirurgia de coração e ela tinha certeza que ia se salvar; apontou
então para o rosário, e disse-nos para confiar em Nossa Senhora que ela já
estava passando na frente, Deus iria operar milagre.
O médico falou para minha
vó, que às 15h de todos os dias estaria falando com ela sobre o estado do vô.
Na sexta ele disse que o “Seu João” estava sedado, e que haviam várias
possibilidades de sequelas tanto na cabeça, quanto também, a probabilidade de
ficar tetraplégico ou paraplégico; dentre outras citadas.
Nesse dia nenhuma das filhas
do vô conseguiu ir trabalhar...ficamos de prontidão no hospital. (tínhamos que ficar lá... pertinho dele,
emanando orações e boas energias)
Então, ficávamos na igreja.
No sábado foi o dia que
conseguimos ver o vô, fizemos às 15h um revezamento de três netas. Quando o vi
naquela situação, meu pensamento foi sair urgentemente do quarto, porém
tínhamos que aguardar o doutor.
Quando o médico chegou,
falou que o vô estava se recuperando bem, e que precisariam fazer mais outra
tomografia para verificar se ficaria alguma sequela, devido a parte mais
afetada ter sido a cabeça.
Minha vó agradeceu-o, porém
ele enfatizou que não deveria agradecê-lo, e sim a Deus, pois o marido dela
estava vivo por obra divina, ele descreveu como “um milagre”, considerando a
gravidade do acidente, o local que machucou e a idade do paciente.
No outro dia meu vô começou
a se movimentar, cumprimentar e entender o que os filhos, sobrinhos, netos
estavam falando, porém sem poder falar. Entraram no quarto nesse dia os
sobrinhos do vô, filhas e a vó.
***
Na tarde da segunda-feira,
dia 26 de agosto, milagrosamente, ele saiu da UTI, no quarto sempre haviam
muitas pessoas querendo vê-lo e conversar com ele (é um perigo pq o homem é
muito hiperativo).
Na sexta da mesma semana, o
nosso herói recebeu alta hospitalar. Começou então, a saga para poder andar e
comer novamente (teve que reaprender)...
E como Deus não faz a obra
pela metade, nosso vô João, hoje está caminhando, falando, comendo,
conversando, ...nenhuma sequela, tudo perfeito. Um verdadeiro milagre divino!
***
Muito obrigada Nossa
Senhora!!!
Pela pessoa bondosa e
querida que é o vô... tenho certeza que não faltaram orações, o que colaborou
em sua recuperação tão rápida.
Obrigada a todos/as, sabemos
que o bem emanado também é retribuído...
Assim, quero dizer à você
que, nas adversidades da vida, confie sempre em Deus, ele é o Pai que jamais
nos desampara!!! O vô João foi um presente que recebemos novamente, e nem
sempre isso acontece (bem sabemos); mas o nosso Deus sabe o quanto precisamos
do Sr. João Paes de Farias, e por isso agradeceremos eternamente.
Na trilha
Na trilha... Rewriting the Life