Quase
fim de inverno, na noite de domingo foi possível ver a Lua com o encantador
planeta Vênus – a nossa Estrela D’Alva, dando um lindo show no céu, e o lugar
para a bisbilhotada era gratuita, podendo ser visualizada em qualquer lugar com
acesso a bela noite de domingo, de 08 de setembro...
***
Uma história que tinha tudo pra dar errado:
Giuseppe e Anita Garibaldi!
E
essa linda imagem inspirou-nos a falar um pouco da história de amor entre um
revolucionário italiano e uma jovem catarinense, chamada Ana.
Em
uma visita realizada em Laguna há alguns anos atrás, fomos ao “Museu de
Anita” o lugar foi ambientado nos conformes do século XIX.
Detalhe,
grande parte dos utensílios e objetos não são de propriedade real de Anita, nem
a casa; essa era uma residência de costura da qual a mocinha Ana Maria de Jesus
Ribeiro fez sua prova de vestido para seu casamento com o sapateiro Manoel, do
qual desposou com apenas 14 anos.
Embora
o grande sonho da maioria das mulheres fosse o casamento. Ana não era feliz;
das emblemáticas mocinhas de contos de infantis, ela também queria um grande
amor.
Quando
seu marido foi requisitado pelo império, o destino encarregou-se de cruzar a
jovem – agora com 18 anos com o aventureiro Giuseppe Garibaldi, experiente e
mais velho que Ana, mas como o coração é puro...pois é não é preconceituoso...
Foi amor a primeira vista...
Ana tinha que lutar não só com relação aos seus sentimentos como também o convencionalismo ligado ao fim de seu casamento; afinal mulher “apartada” era considerada meretriz para os olhos pudicos de seus contemporâneos.
Ana tinha que lutar não só com relação aos seus sentimentos como também o convencionalismo ligado ao fim de seu casamento; afinal mulher “apartada” era considerada meretriz para os olhos pudicos de seus contemporâneos.
Ela
tinha que decidir. Movida por sua razão e conduzida pela emoção, buscou sua
felicidade, até então desconhecida, com Garibaldi.
Anita
(apelido que ganhou de Garibaldi, pois este não conseguia pronunciar seu nome
Ana), tornou-se sua mulher e parceira de batalhas... e não foram poucas...
Em Imbituba recebeu o batismo de fogo, quando a expedição corsária foi atacada pela marinha imperial do Brasil, na famosa batalha naval de Laguna contra Frederico Mariath; em Curitibanos, foi feita prisioneira, no entanto em um instante de distração dos guardas, tomou um cavalo e fugiu.
Em
16 de setembro de 1840, nasceu no estado do Rio Grande do Sul, o primeiro filho
do casal, que recebeu o nome de Menotti Garibaldi. Doze dias depois, o exército
imperial, comandado por Francisco Pedro de Abreu, cercou a casa para prender o
casal. Anita fugiu a cavalo com o recém-nascido nos braços e alcançou um bosque
aos arredores da cidade, onde ficou escondida por quatro dias, até que
Garibaldi a encontrou.
No
Uruguai, legalizaram sua união, na igreja de São Francisco de Assis, em
Montevidéu.
Lá
nasceram os outros três filhos do casal: Rosa, Teresa e Ricciotti Garibaldi.
Na
Itália, lutaram novamente juntos, desta vez pela Unificação Italiana, Anita e o
esposo tinham que enfrentar a guerra e lutar para salvar o território italiano.
Mesmo grávida do 5º filho, ela enfrentou tudo até o fim.
Sua
história só se tornou reconhecida graças ao livro autobiográfico de Giuseppe
Garibaldi “Memórias”; este com pouco conhecimento poético encontra-se com
Alexandre Dumas, escritor e poeta francês; e lhe pede que descreva seus feitos,
entregando ao escritor, seu diário de anotações.
Não
seria mais primorosa as mãos das quais ele passa a confiar sua aventuras, não?
Alexandre
Dumas é autor de obras sublimes que o grande público tem acesso; seus contos
mais populares viraram filmes, são as obras: O Conde de Monte Cristo, os Três
Mosqueteiros e o Homem da Máscara de Ferro. Que mundo pqno!
Um
encontro primoroso onde duas grandes personalidades daquele século se encontram
e trocam “figurinhas”, pena que não haviam paparazzis para imortalizar tal
cena...
...Retomando
ao assunto, depois de um breve devaneio...
Na
obra Garibaldi descreve Anita como uma guerreira, ótima em combate, obstinada,
corajosa e destemida.
Como
todos sabem Anita morreu com apenas vinte sete anos, grávida de seu quinto
filho. Caçado pelos austríacos, sem nem sequer acompanhar o sepultamento da companheira. Os restos mortais de Anita foram exumados por sete vezes. Por vontade do marido, seu corpo foi transferido a Nice. Em 1932, seus restos mortais foram finalmente seputados bo monumento construído em sua homenagem no Janículo, em Roma.
***
Mês
passado li uma reportagem que a bisneta de Menotti Garibaldi, filho de
Giuseppe e Anita, veio ao Brasil para buscar informações sobre sua
ancestral; Costanza Samuelli Ferretti acompanhada de seu esposo e filhos
visitaram, além das importantes cidades gaúchas onde o casal famoso passou, as
terras catarinenses; durante a estadia foram realizadas a acolhida e homenagens
aos ilustres visitantes.
***
Retomando
a viagem que fizemos a Laguna,
mas precisamente no Museu, questionamos o porquê de ela sendo essa figura tão
emblemática, haver tão pouco sobre sua vida: objetos, cartas, roupas,
móveis...Por que tão pouco?
E
os instrutores do museu responderam que quando Ana saiu de Laguna era
considerada uma mulher como outra qualquer, porém adúltera, e consequentemente
discriminada.
Os
moradores não podiam imaginar o que anos depois ela tornar-se-ia...
Pensemos:
Estávamos lidando com uma cultura imperialista, extremamente machista e
patriarcal, outros tempos...
***
Jennifer
Lopez, atriz, cantora, famosa pelo merchandize de seus bem sucedidos
empreendimentos no show business, declarou seu fascínio pela nossa “Mulan”
brasileira, ela que sempre declarou inspirar-se em mulheres fortes, é grande fã
de Anita.
Isso
é um pequeno exemplo do quanto e de quantas pessoas se deixam inspirar e
admirar essa jovem mulher de grandes feitos, tão auto-suficiente a ponto de
deixar-se guiar pelo coração e pela eterna busca da felicidade...
Tenho
mais orgulho ainda de ser mulher e catarinense por saber que nestas terras
passou Anita Garibaldi, titulada outrora, “heroína de dois mundos”.
***
Um
caso de amor em terras tupiniquins:
“Ficamos ambos estáticos e
silenciosos, olhando-se reciprocamente, como duas pessoas que não se vissem
pela primeira vez e que buscam na aproximação alguma coisa como uma
reminiscência. A saudei finalmente e lhe disse:” Tu deves ser minha!”. Eu
falava pouco o português [...] Havia atado um nó, decretado uma sentença que
somente a morte poderia desfazer. Eu tinha encontrado um tesouro proibido, mas
um tesouro de grande valor”.
(Palavras de Garibaldi quando se encontrou com Anita, retirado do livro
“Memórias”).