domingo, 15 de setembro de 2013

Noite linda de setembro: Recordações singulares

Por Suelen e Jéssica Farias do Nascimento - 




Quase fim de inverno, na noite de domingo foi possível ver a Lua com o encantador planeta Vênus – a nossa Estrela D’Alva, dando um lindo show no céu, e o lugar para a bisbilhotada era gratuita, podendo ser visualizada em qualquer lugar com acesso a bela noite de domingo, de 08 de setembro...

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Uma história que tinha tudo pra dar errado:
Giuseppe e Anita Garibaldi!
E essa linda imagem inspirou-nos a falar um pouco da história de amor entre um revolucionário italiano e uma jovem catarinense, chamada Ana.

Em uma visita realizada em Laguna há alguns anos atrás, fomos ao “Museu de Anita” o lugar foi ambientado nos conformes do século XIX.
Detalhe, grande parte dos utensílios e objetos não são de propriedade real de Anita, nem a casa; essa era uma residência de costura da qual a mocinha Ana Maria de Jesus Ribeiro fez sua prova de vestido para seu casamento com o sapateiro Manoel, do qual desposou com apenas 14 anos.
Embora o grande sonho da maioria das mulheres fosse o casamento. Ana não era feliz; das emblemáticas mocinhas de contos de infantis, ela também queria um grande amor.
Quando seu marido foi requisitado pelo império, o destino encarregou-se de cruzar a jovem – agora com 18 anos com o aventureiro Giuseppe Garibaldi, experiente e mais velho que Ana, mas como o coração é puro...pois é não é preconceituoso... Foi amor a primeira vista...
Ana tinha que lutar não só com relação aos seus sentimentos como também o convencionalismo ligado ao fim de seu casamento; afinal mulher “apartada” era considerada meretriz para os olhos pudicos de seus contemporâneos.
Ela tinha que decidir. Movida por sua razão e conduzida pela emoção, buscou sua felicidade, até então desconhecida, com Garibaldi.
Anita (apelido que ganhou de Garibaldi, pois este não conseguia pronunciar seu nome Ana), tornou-se sua mulher e parceira de batalhas... e não foram poucas...

Em Imbituba recebeu o batismo de fogo, quando a expedição corsária foi atacada pela marinha imperial do Brasil, na famosa batalha naval de Laguna contra Frederico Mariath; em Curitibanos, foi feita prisioneira, no entanto em um instante de distração dos guardas, tomou um cavalo e fugiu.
Em 16 de setembro de 1840, nasceu no estado do Rio Grande do Sul, o primeiro filho do casal, que recebeu o nome de Menotti Garibaldi. Doze dias depois, o exército imperial, comandado por Francisco Pedro de Abreu, cercou a casa para prender o casal. Anita fugiu a cavalo com o recém-nascido nos braços e alcançou um bosque aos arredores da cidade, onde ficou escondida por quatro dias, até que Garibaldi a encontrou.
No Uruguai, legalizaram sua união, na igreja de São Francisco de Assis, em Montevidéu.
Lá nasceram os outros três filhos do casal: Rosa, Teresa e Ricciotti Garibaldi.
Na Itália, lutaram novamente juntos, desta vez pela Unificação Italiana, Anita e o esposo tinham que enfrentar a guerra e lutar para salvar o território italiano. Mesmo grávida do 5º filho, ela enfrentou tudo até o fim.

Sua história só se tornou reconhecida graças ao livro autobiográfico de Giuseppe Garibaldi “Memórias”; este com pouco conhecimento poético encontra-se com Alexandre Dumas, escritor e poeta francês; e lhe pede que descreva seus feitos, entregando ao escritor, seu diário de anotações.
Não seria mais primorosa as mãos das quais ele passa a confiar sua aventuras, não?
Alexandre Dumas é autor de obras sublimes que o grande público tem acesso; seus contos mais populares viraram filmes, são as obras: O Conde de Monte Cristo, os Três Mosqueteiros e o Homem da Máscara de Ferro. Que mundo pqno!
Um encontro primoroso onde duas grandes personalidades daquele século se encontram e trocam “figurinhas”, pena que não haviam paparazzis para imortalizar tal cena...

...Retomando ao assunto, depois de um breve devaneio...
Na obra Garibaldi descreve Anita como uma guerreira, ótima em combate, obstinada, corajosa e destemida.
Como todos sabem Anita morreu com apenas vinte sete anos, grávida de seu quinto filho. Caçado pelos austríacos, sem nem sequer acompanhar o sepultamento da companheira. Os restos mortais de Anita foram exumados por sete vezes. Por vontade do marido, seu corpo foi transferido a Nice. Em 1932, seus restos mortais foram finalmente seputados bo monumento construído em sua homenagem no Janículo, em Roma. 

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Mês passado li uma reportagem que a bisneta de Menotti Garibaldi, filho de Giuseppe e Anita, veio ao Brasil para buscar informações sobre sua ancestral; Costanza Samuelli Ferretti acompanhada de seu esposo e filhos visitaram, além das importantes cidades gaúchas onde o casal famoso passou, as terras catarinenses; durante a estadia foram realizadas a acolhida e homenagens aos ilustres visitantes.
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Retomando a viagem que fizemos a Laguna, mas precisamente no Museu, questionamos o porquê de ela sendo essa figura tão emblemática, haver tão pouco sobre sua vida: objetos, cartas, roupas, móveis...Por que tão pouco?
E os instrutores do museu responderam que quando Ana saiu de Laguna era considerada uma mulher como outra qualquer, porém adúltera, e consequentemente discriminada.
Os moradores não podiam imaginar o que anos depois ela tornar-se-ia...
Pensemos: Estávamos lidando com uma cultura imperialista, extremamente machista e patriarcal, outros tempos...
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Jennifer Lopez, atriz, cantora, famosa pelo merchandize de seus bem sucedidos empreendimentos no show business, declarou seu fascínio pela nossa “Mulan” brasileira, ela que sempre declarou inspirar-se em mulheres fortes, é grande fã de Anita.
Isso é um pequeno exemplo do quanto e de quantas pessoas se deixam inspirar e admirar essa jovem mulher de grandes feitos, tão auto-suficiente a ponto de deixar-se guiar pelo coração e pela eterna busca da felicidade...

Tenho mais orgulho ainda de ser mulher e catarinense por saber que nestas terras passou Anita Garibaldi, titulada outrora, “heroína de dois mundos”.
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Um caso de amor em terras tupiniquins:
“Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando-se reciprocamente, como duas pessoas que não se vissem pela primeira vez e que buscam na aproximação alguma coisa como uma reminiscência. A saudei finalmente e lhe disse:” Tu deves ser minha!”. Eu falava pouco o português [...] Havia atado um nó, decretado uma sentença que somente a morte poderia desfazer. Eu tinha encontrado um tesouro proibido, mas um tesouro de grande valor”. (Palavras de Garibaldi quando se encontrou com Anita, retirado do livro “Memórias”).

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