*** Por Suelen e Jéssica Farias do Nascimento ***
A imagem abaixo foi mundialmente conhecida pelas lentes de Kevin Carter em 1994.
A imagem abaixo foi mundialmente conhecida pelas lentes de Kevin Carter em 1994.
Ganhadora do Prêmio Pulitzer, (prêmio outorgado a pessoas que realizem trabalhos de excelência na
área do jornalismo, literatura e música).
Porém, algo contido
nesta foto a tornou mais que um trabalho executado pelo hábil fotógrafo...
Imagem: MdigUma foto que teve o poder de evidenciar ao mundo a dor e o sofrimento; o sucesso de um fotógrafo, seu arrependimento e sua morte.
Eis a história,
revirada...estudada e descoberta...
(13 de setembro de 1960
- 27 de julho 1994)
Kevin Carter nasceu na
África do Sul durante o período do Apartheid e cresceu em um bairro de classe
média exclusivo para brancos.
Durante a infância
convivia diariamente com a guerra interna de seu país.
Após o ensino médio,
Carter abandonou seus estudos para se tornar farmacêutico e foi convocado pelas
forças armadas. Para escapar da infantaria, alistou-se na Força Aérea, onde
serviu por quatro anos. Em 1980, ele testemunhou um garçom negro sendo
insultado no refeitório. Carter defendeu o homem e acabou por ser espancado por
outros militares. Anos mais tarde, em 1983, decidiu se tornar fotojornalista.
Carter começou a
trabalhar como fotojornalista esportivo nos fins de semana. Depois, ficou
empenhado em expor a brutalidade do apartheid, ele também foi o primeiro a
fotografar uma execução pública necklacing.
Fome, uma criança, um
urubu e um fotógrafo
Em março de 1993,
durante uma viagem ao Sudão (país então arrasado por uma longa guerra civil),
Carter estava se preparando para fotografar uma criança faminta tentando chegar
a um centro de alimentação da Organização das Nações Unidas (ONU) próximo à
aldeia de Ayod, no atual Sudão do Sul, quando um abutre-de-capuz aterrizou nas
proximidades. Ele relatou que tirou a fotografia porque esse era o seu
"trabalho" e depois partiu.
Ele foi criticado por
não ajudar o menino, Kong Nyong:
O jornal St. Petersburg
Times, da Flórida, fez a seguinte conotação: "O homem ajustando suas
lentes para capturar o enquadramento exato daquele sofrimento poderia muito bem
ser um predador, um outro urubu na cena”.
João
Silva, um fotojornalista português que mora na África do Sul e que acompanhou
Carter no Sudão, deu uma versão diferente para os acontecimentos em uma
entrevista com o jornalista e escritor japonês Akio Fujiwara, que depois
publicou o livro The Boy who Became a Postcard (em português: O Menino que se
Tornou um Cartão-Postal).
De
acordo com Silva, Carter e ele viajaram ao Sudão com as Nações Unidas durante a
Operação Lifeline Sudan e chegaram ao sudeste do país (atual Sudão do Sul) em
11 de março de 1993. Os oficiais da ONU lhes disseram que iriam parar por 30
minutos (o tempo necessário para distribuir alimentos), de modo que os dois
aproveitaram para olhar ao redor e tirar fotos. Silva foi à procura de
guerrilheiros, enquanto Carter ficou algumas dezenas de
metros da aeronave.
Dois fotógrafos espanhóis que estavam na mesma área naquela época, José María Luis Arenzana e Luis Davilla, e que não conheciam a fotografia de Kevin Carter, também tiraram uma foto em situação similar.
Dois fotógrafos espanhóis que estavam na mesma área naquela época, José María Luis Arenzana e Luis Davilla, e que não conheciam a fotografia de Kevin Carter, também tiraram uma foto em situação similar.
Em 27 de julho de 1994,
Carter dirigiu até o córrego Braamfontein Spruit, em Joanesburgo, e tirou a
própria vida colocando uma das extremidades de uma mangueira no escapamento de
sua caminhonete e a outra na janela do lado do passageiro. Ele morreu por
intoxicação por monóxido de carbono, aos 33 anos de idade. Partes da nota de
suicídio de Carter diziam:
"Estou
deprimido ... sem telefone ... dinheiro para o aluguel ... dinheiro para
sustentar as crianças ... dinheiro para dívidas ... dinheiro! ... Estou
assombrado pelas vívidas memórias de mortes e cadáveres e raiva e dor ... de
morrer de fome ou de crianças feridas, de loucos com dedos no gatilho, muitas
vezes policiais, carrascos assassinos ... eu tinha que ter ido junto com Ken
(Ken Oosterbroek, seu colega fotógrafo que havia falecido há pouco tempo) se eu
tivesse a mesma sorte."
O tempo... Exatos
18 anos:
O menino viveu mais que Carter, os pais do menor
comentaram que Kong Nyong não caiu nas garras do abutre nem morreu de fome,
viveu mais 04 anos.
De fato, na foto é
possível ver que aquele garoto tinha uma pulseira de plástico com a inscrição
T3 que era usada pela ONU nos lugares onde assistia e alimentava crianças
desnutridas. Este fato desmente o mito de que o fotógrafo sul-africano teria
abandonado o menor a própria sorte.
Kevin, por meio de seu registro trouxe a todos a situação deplorável em que viviam muitos países
africanos... Porém, algo é evidente: não conseguimos ficar
inertes a tal situação, provando assim o quanto somos sucessíveis e frágeis diante
da vida, seja na questão das necessidades básicas, tais como alimentação, saúde, comodidade, etc, evidenciadas pela criança; ou pela opinião humana, que culpa e
condena, fato que se reflete em Kevin.
Fonte: Kevin Carter