*Por Suelen e Jéssica Farias do Nascimento*
Em matéria de set/2013, vinculada ao Portal Terra Lee Ok-Seon, da cidade de Busan, no sudeste da Coreia do Sul, tinha 14 anos quando foi jogada dentro de um carro e acabou indo parar em um bordel para militares japoneses na China. Após quase 70 anos ela divulga seu segredo.
Em matéria de set/2013, vinculada ao Portal Terra Lee Ok-Seon, da cidade de Busan, no sudeste da Coreia do Sul, tinha 14 anos quando foi jogada dentro de um carro e acabou indo parar em um bordel para militares japoneses na China. Após quase 70 anos ela divulga seu segredo.
Em
um bordel para militares japoneses na China, chamado de "posto de
consolo", sofreu estupros diários até o fim da guerra.
A
senhora de 86 anos resume tudo em poucas palavras: "Não era um lugar para seres humanos; era um matadouro".
Segundo
Bernd Stöver, um historiador da Universidade de Potsdam, na Alemanha, de acordo com estimativas, devem ter sido em
torno de 200 mil mulheres utilizadas para esta prática, capturadas na Corea, da
China, Malásia e das Filipinas.
Os
bordéis, que se espalhavam por toda a área de ocupação japonesa, tinham como
objetivo manter elevado o ânimo dos soldados e de evitar que as mulheres locais
fossem estupradas.
Ela
explica que estava completamente isolada do mundo exterior e que não confiava
em ninguém. Devido aos estupros muitas vezes, atacadas com facas: "Muitas
meninas se suicidavam. Elas se afogavam ou se enforcavam", conta. Lee
afirma que também chegou a pensar que essa seria sua única saída. Mas não teve
coragem. "É fácil dizer 'eu preferia estar morta'. Mas é muito difícil
fazê-lo", explicou.
Lee
Ok-Seon optou pela vida e acabou sobrevivendo à guerra. Após a capitulação
japonesa em 1945, o dono do bordel desapareceu. As mulheres, de repente,
estavam livres, porém confusas e desorientadas e com receio de voltarem para
suas casas, devido ao preconceito que poderiam sofrer.
Lee
Ok-Seon acabou conhecendo um homem de descendência coreana, do qual ela
descreve que a tratava bem, e com quem se casou e passou a cuidar de suas
crianças. "Senti que era meu dever
tomar conta daquelas crianças, cuja mãe tinha morrido. Eu não podia ter meus
próprios filhos”.
Enquanto
estava no bordel, ela quase morreu em decorrência de doenças sexualmente
transmissíveis como a sífilis. Para aumentar suas chances de sobrevivência, os
médicos retiraram seu útero.
Em
2000, após a morte de seu marido, ela sentiu que tinha que voltar para o seu
país de origem e tornar pública a sua história. Ela reside próximo a Seul, nas
chamadas "casas compartilhadas", que dão assistência a ex-escravas
sexuais.
Ao
pesquisar seu passado, ela soube que seu irmão mais novo ainda estava vivo.
Segundo ela houve uma acolhida em um primeiro momento, porém ele tinha vergonha
de ser irmão de uma "mulher de alívio", e não queria ter nenhuma ligação
com ela.
***
No
site Diplomatique um dado interessante é que somente em 1991 este silêncio torturante foi rompido
por Kim Hak-Sung, uma pessoa instruída que declarou publicamente ter sido uma
"mulher de alívio". Este primeiro testemunho foi seguido de outros
milhares, suscitados e sustentados por movimentos feministas sul-coreanos, em
decorrência, deu-se início a processos de indenização contra o governo japonês
que, até então ainda negava sua responsabilidade no assunto, proibindo qualquer
tipo de acesso aos arquivos sobre os bordéis militares.
No
começo de 2013, o governador de Osaka, Toru Hashimoto, chegou afirmar a
jornalistas que durante a guerra a escravidão sexual era "necessária"
para manter a disciplina entre as tropas. Lee Ok-Seon considera essa declaração
grosseira e ultrajante.
Diferentemente
da prostituição por livre arbítrio, o uso obrigatório do corpo contra vontade é
um crime terrível, afinal, quando não se tem domínio sobre si próprio, torna-se
escravo.
***
Ainda
neste contexto, no site da Revista Marie Claire deste mês de set/2013, foi criado o projeto pela empresa holandesa de
publicidade Duval Guillaume para o grupo antitráfico "Stop the
Traffik" uma performance na zona "De Wallen", local de
prostituição em Amsterdã, onde o sexo pago é legalizado.
Nele,
quatro dançarinas atraentes e seminuas fazem coreografias atrás de uma vitrine
de vidro, enquanto outras duas acompanham os passos no andar de cima.
Em
determinado momento, elas diminuem o ritmo e um projetor no topo do prédio
explica a causa da ação:
“Todos os
anos, milhares de mulheres recebem promessas de carreira de dançarina na Europa
Ocidental. Infelizmente, elas acabam aqui. Parem o tráfico!”.